Plano de aula: Os papéis nos esportes de invasão

Os esportes na BNCC

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresenta os esportes como uma das práticas corporais que devem ser tematizadas nas aulas de Educação Física ao longo do Ensino Fundamental. Segundo a BNCC, é imprescindível que os estudantes tenham contato com o maior número possível de práticas corporais e que todos estejam preparados para acolher a diversidade que elas representam. Por isso, a BNCC apresenta sete categorias de esportes, que, segundo o documento, “possibilita a distribuição das modalidades esportivas [...], privilegiando as ações motoras intrínsecas, reunindo esportes que apresentam exigências motrizes semelhantes no desenvolvimento de suas práticas”. Além disso, as modalidades foram classificadas de acordo com os critérios de cooperação, interação com o adversário, desempenho motor e objetivos táticos (NOVA ESCOLA, 2018).

Esportes de invasão

Entre as categorias de esportes apresentados na BNCC (BRASIL, 2017), estão os esportes de invasão ou territorial que reúne um conjunto de modalidades que se caracterizam por comparar a capacidade de uma equipe introduzir ou levar uma bola (ou outro objeto) a uma meta ou setor da quadra/campo defendida pelos adversa?rios (gol, cesta, touchdown etc.), protegendo, simultaneamente, o pro?prio alvo, meta ou setor do campo (basquetebol, frisbee, futebol, futsal, futebol americano, handebol, ho?quei sobre grama, polo aqua?tico, ru?gbi etc.).

Características dos esportes de invasão

Nos esportes de invasão e? possi?vel perceber, entre outras semelhanc?as, que as equipes jogam em quadras ou campos retangulares. Em uma das linhas de fundo (ou num dos setores ao fundo), fica a meta a ser atacada, e, na outra linha de fundo, a que deve ser defendida. Para atacar a meta do adversa?rio, uma equipe precisa, necessariamente, ter a posse de bola (ou objeto usado como bola) para avanc?ar sobre o campo do adversa?rio (geralmente fazendo passes) e criar condic?o?es para fazer gols, cestas ou touchdown. So? da? para chegar la? conduzindo, lanc?ando ou batendo (com um chute, um arremesso, uma tacada) na bola, ou no objeto usado como bola, em direc?a?o a? meta. Nos esportes de invasão, ao mesmo tempo em que uma equipe tenta avanc?ar, a outra tenta impedir os avanc?os. E para evitar que uma chegue a? meta defendida pela outra, e? preciso reduzir os espac?os de atuac?a?o do adversa?rio de maneira organizada e, sempre que possi?vel, tentar recuperar a posse de bola para dai? partir para o ataque.

Lógica interna dos esportes de invasão

Segundo González e Bracht (2012), a ana?lise da lo?gica interna dos esportes permite identificar a “natureza” das modalidades que ensinamos e, consequentemente, reconhecer os conhecimentos dos quais os estudantes necessitam para se sai?rem melhor em sua pra?tica. Para analisar o esporte a partir da lo?gica interna, os autores indicam que e? importante comec?ar fazendo as seguintes perguntas: Quais demandas ou exige?ncias motoras as regras de uma determinada modalidade impo?em aos participantes? Ha? ou na?o interfere?ncia direta do adversa?rio durante a execuc?a?o de uma ac?a?o? Ha? ou na?o colaborac?a?o entre companheiros? Quais as func?o?es dos participantes no desenvolvimento do jogo?

A BNCC (BRASIL, 2017) propõe que os estudantes do 8o ano do Ensino Fundamental, além de retomar as características e a lógica interna dos esportes de invasão, experimentem diferentes papéis (jogador, árbitro e técnico) nessas modalidades. Dessa forma, torna-se importante que os estudantes conheçam a globalidade que envolve a experimentação desses papéis.

Papel de jogador nos esportes de invasão

O papel de jogador é definido pela globalidade essencial dos esportes de invasão, constituído por ações coletivas de ocupação e hegemonia do campo adversário. Os estudantes devem vivenciar a efetiva participação no jogo. Para isso, capacidades importantes como o protagonismo, o trabalho coletivo, o desempenho do seu papel em prol do coletivo, portar-se de acordo com a tática coletiva, adaptar-se a situações adversas em momentos de dificuldade, o respeito às regras, ao ambiente de jogo, ao adversário, ao árbitro, reconhecer as suas  necessidades técnicas e táticas e os seus principais atributos positivos, entre outras, podem estar presentes nas discussões.

Papel de técnico nos esportes de invasão

No papel de técnico, os estudantes precisam combinar duas capacidades: (a) ler as ações coletivas de ambas as equipes e como elas interagem, por exemplo: como elas se combinam e se espelham uma na outra; (b) identificar como a interação de cada indivíduo se relaciona com o todo e pode atuar como um parâmetro de controle para o comportamento dinâmico do coletivo. Os estudantes podem exercitar a sua criatividade, a análise dos seus jogadores, procurando incentivá-los e extrair o seu máximo potencial, indicar necessidades técnicas, físicas e táticas dos jogadores e adaptar a equipe de acordo com o que cada um tem de melhor, contornar situações de conflito ou de derrota.

Papel de árbitro nos esportes de invasão

Esse papel envolve o olhar do árbitro quanto a ações pessoais de um jogador quando infringe (a) a dinâmica das ações coletivas; (b) a dinâmica pessoal da ação de cada jogador; (c) a integridade física, psicológica e social de cada jogador. Mostre que arbitrar é fazer juízos de valor, portanto, interpretar ações frente a códigos de acordo social e coletivo. Nesse sentido, o estudante deve desempenhar a função de fazer cumprir as regras, sendo imparcial e zelando pela segurança dos demais estudantes.

Elementos da lógica interna dos esportes de invasão

Os esportes de invasão apresentam elementos que constituem a sua lógica interna. González e Bracht (2012) apresentam o seguinte:

• Objetivo do jogo: o principal objetivo do jogo é que as equipes tentem ocupar o setor da quadra/campo defendido pelo adversa?rio para marcar pontos, protegendo a sua meta simultaneamente.

• Área de jogo: a área de jogo é retangular, comum a todos os jogadores, com os alvos e/ou metas nos extremos da quadra ou do campo de jogo. Em muitas modalidades tem a presenc?a de um jogador especializado para defender a meta (goleiro), mas na?o em todas.
• Papéis dos jogadores: nos esportes de quadra, todos os jogadores atacam e defendem; nos esportes de campo, a tende?ncia e? ter pape?is mais diferenciados (atacantes, defensores, meio campistas).
• Ações táticas ofensivas: o jogador deve observar antes de agir (passar, conduzir, finalizar), passando para quem tem melhores condic?o?es de finalizar ou dar continuidade ao jogo. Outra ação tática ofensiva é apoiar o atacante com posse de bola (oferecer linha de passe, afastar seu defensor direto, fazer bloqueio), procurando se desmarcar, participando do rebote ofensivo e do retorno/equili?brio defensivo.

• Ações táticas defensivas: o jogador deve responsabilizar-se pelo atacante direto, posicionando-se entre o atacante e a meta, mantendo no seu campo visual o atacante direto e o atacante com posse de bola. Outra ação tática defensiva é cobrir/ajudar o defensor do atacante com posse da bola, dobrando o defensor do atacante com posse da bola quando superado.

• Habilidades técnicas: manejo e condução de bola (com e sem implemento), passe, drible, chute, cabeceio, arremesso e finalizações.

• Estratégias ofensivas: manter a posse e criar coletivamente chance para finalizar; procurar superioridade nume?rica (uso de combinac?o?es ta?ticas); efetuar ra?pida mudanc?a de defesa-ataque; e contra-atacar de forma organizada.
• Estratégias defensivas: fazer uma ocupac?a?o equilibrada do espac?o; evitar a superioridade nume?rica; realizar retorno defensivo organizado; variar a organizac?a?o defensiva (sistema, zona, individual, misto, combinado, pressa?o).

Temas contemporâneos transversais

Uma possibilidade de integrar os conhecimentos mobilizados nas aulas de Educação Física com o cotidiano dos estudantes é incluir no planejamento os Temas Contempora?neos Transversais (TCTs). Os TCTs apresentam uma proposta de ensino atual e contextualizada que prioriza o desenvolvimento da cidadania, com discussa?o de temas que interessam aos estudantes, fazendo conexa?o com situac?o?es vivenciadas por eles em suas realidades, contribuindo para trazer contexto e contemporaneidade aos objetos do conhecimento descritos na Base Nacional Comum Curricular (COLARES; SANTA CRUZ, 2021). Alguns TCTs apresentam maior possibilidade de intervenc?a?o e integrac?a?o com a a?rea de conhecimento especi?fica da Educac?a?o Fi?sica, tais como sau?de, multiculturalismo e cidadania e civismo. Entretanto, com a implementac?a?o da BNCC, temas como cie?ncia e tecnologia, meio ambiente e economia sa?o incorporados como parte das compete?ncias gerais a serem desenvolvidas pelos estudantes ao longo dos ciclos de escolarizac?a?o (SANTA CRUZ, 2021).

Bibliografia

BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 15 out. 2021.

COLARES, B. de S.; SANTA CRUZ, R. A. R. Abordagem intradisciplinar dos temas contempora?neos transversais nas aulas de Educac?a?o Fi?sica. Revista Educac?a?o Pu?blica, v. 21, no 31, 17 de agosto de 2021. Disponi?vel em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/31/abordagem-intradisciplinar-dos-temas-contemporaneos-transversais-nas-aulas-de-educacao-fisica. Acesso em: 15 out. 2021.

GONZÁLEZ, F. J.; BRACHT, V. Metodologia do ensino dos esportes coletivos. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2012.

NOVA ESCOLA. Be?-a?-ba? dos esportes. Esportes na BNCC de Educac?a?o Fi?sica: o glossa?rio das categorias. [2018]. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/12904/glossario- dos-esportes. Acesso em: 15 out. 2021.

SANTA CRUZ, R. A. R. Temas contempora?neos transversais na BNCC. YouTube. 21 fev. 2021. Disponi?vel em: https://www.youtube.com/watch?v=j2iqLrMj6qk&t=98s. Acesso em: 15 out. 2021.

Materiais sugeridos

• Bolas de futsal ou de borracha.
• Coletes.
• Apito.
• Cronômetro.
• Caderno dos estudantes.
• Papel para anotações (súmula).

Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.

Conversa inicial

Inicie explicando aos estudantes que durante a aula irão experimentar e compreender as diferentes formas em que podemos atuar nos esportes de invasão, assumindo diferentes papéis. Escolha a modalidade que julgar mais adequada para a tematização dos esportes de invasão, desde que esteja no âmbito do objeto de conhecimento. Como sugestão, apresentamos o futsal.

Para verificar o que já conhecem sobre a modalidade, peça para se organizarem em duplas e proponha que um entreviste o outro, como se fossem repórter esportivo e jogador. Como forma de registro, as perguntas e respostas podem ser anotadas no caderno. Caso possuam celular, podem gravar a entrevista em áudio e depois transcrever no caderno. Como sugestão de roteiro para a entrevista, elencamos as seguintes perguntas:

• Você gosta de jogar futsal?
• Você gosta de assistir a futsal?
• O futsal é um esporte para meninos ou meninas?
• Existem possibilidades de adaptações para que todos possam participar?
• Quais as principais características requeridas na prática desse esporte?
• Quais as principais estruturas e regiões corporais envolvidas na modalidade?
• Quais as principais habilidades motoras exigidas no futsal?
• Identifica as posições e funções dos jogadores em quadra?
• Conhece as atribuições dos árbitros no jogo de futsal?
• Conhece o papel do técnico no jogo de futsal?
• Existem locais fora da escola onde as pessoas praticam essa modalidade?
• Você vê meninos e meninas jogando nesses locais?

Acompanhe as entrevistas para verificar o conhecimento prévio dos estudantes, observando se utilizam recursos diversos para que os outros compreendam as perguntas e auxiliando-os, se for necessário. Em seguida, explique que por ser um esporte de invasão, o futsal tem uma lógica interna que permite apropriação das experiências vivenciadas em outras modalidades, como o futebol e o handebol, que podem ser utilizadas em sua prática.

Observe, de acordo com as características da turma, a necessidade de utilizar outras estratégias para entrevista e a conversa inicial, como textos escritos ou imagens.

Com o objetivo de experimentar o esporte, ampliando seu conhecimento sobre a lógica interna e os diferentes papéis que podem ser assumidos no jogo, proponha a realização de um torneio de futsal entre os estudantes. Comente que o objetivo do torneio não será eleger um vencedor, e sim, a vivência dos papéis de jogador, árbitro e técnico, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo. É importante que os estudantes compreendam a globalidade das ações propostas e a colaboração necessária para que aprendam enquanto vivenciam as diferentes funções nos esportes de invasão.

Atividade

Antes de iniciar a atividade, converse com os estudantes que todo processo deve ser inclusivo. A organização das equipes as funções de cada um, se é necessário flexibilizar as regras ou estabelecer movimentações adaptadas às características de todos. Solicite aos estudantes que se organizem em quatro equipes e combine com eles que o sistema de disputa do torneio será o rodízio simples, em que todas as equipes jogam entre si. Para a organização das rodadas, enquanto duas equipes jogam, a terceira equipe será responsável pela arbitragem do jogo, e a quarta equipe assumirá o papel de técnicos e analistas de desempenho.

Estabeleça com os estudantes que o sistema de pontuação não deverá levar em consideração apenas os gols marcados, mas também as ações de ataque e defesa enfatizando o jogo coletivo, a colaboração e a participação de todos.

Sistema de pontuação

Gol com jogada individual = 1 ponto.

Gol com jogada coletiva = 2 pontos

Gol em jogada coletiva com participação de meninos e meninas = 3 pontos.

Estimule o protagonismo dos estudantes, definindo com eles em sorteio a ordem de experimentação dos diferentes papéis no jogo de futsal:

• Jogadores: os estudantes devem vivenciar as funções de goleiro, fixo, ala e pivô, se alternando nas posições, utilizando estratégias para solucionar os desafios técnicos e táticos durante os jogos.
• Árbitros: os estudantes devem compor a equipe de arbitragem, sendo um árbitro principal e um auxiliar (responsáveis pela aplicação das regras e condução do jogo), um cronometrista (responsável pelo controle do tempo de duração do jogo) e um anotador (responsável pelas anotações na súmula). Os demais estudantes realizam a análise de desempenho coletivo (scout) das equipes que jogam, controlando o sistema de pontuação e anotando como os gols foram construídos.
• Técnicos: os estudantes devem se distribuir como membros da comissão técnica das duas equipes que jogam, nas funções de técnicos e auxiliares técnicos, analisando o jogo e realizando orientações técnico/táticas aos seus jogadores, verificando os pontos fortes e fracos da equipe adversária, motivando-os e mediando possíveis conflitos.

Caso julgue necessário, retome com os estudantes as proposições elencadas no Para saber mais sobre os papéis de jogador, árbitro e técnico, para que entendam a globalidade das funções e sua aplicação prática.

Monitore e acompanhe o desenvolvimento dos objetivos de aprendizagem durante as atividades propostas, avaliando e registrando se os estudantes:

• Realizam as entrevistas e respondem as perguntas sobre o futsal.
• Discutem estratégias coletivas para exercer os diferentes papéis no jogo de futsal, sendo flexíveis e colaborativos.
• Conseguem se organizar e dividir tarefas enquanto participam do jogo.
• Identificam as habilidades motoras e capacidades físicas empregando-as nas ações técnicas e táticas quando exercem o papel de jogador.
• Exercem o papel de árbitro com imparcialidade aplicando as regras corretamente.
• Realizam a coleta de dados referente ao sistema de pontuação.
• Executam o papel de técnico, orientando e incentivando seus jogadores.
• Flexibilizam regras, fazem adaptações e estabelecem funções de modo que todos participem.

Momento da reflexao

Após a experimentação dos diferentes papéis no jogo de futsal, promova a reflexão com os estudantes no formato de uma coletiva de imprensa esportiva ou simulando uma mesa redonda de programa esportivo, separando-os em diferentes grupos (jogadores, árbitros, técnicos, analistas de desempenho e repórteres). Faça a mediação, organizando a ordem de fala dos estudantes e utilizando as seguintes perguntas:

• Quais são as principais características e lógica interna do futsal?
• Quais outros esportes de invasão se assemelham e se diferenciam do futsal?
• Quais habilidades motoras são mais requisitadas no futsal?
• Na sua opinião, quais são as principais capacidades físicas exigidas no futsal?
• Para se jogar futsal, quais são as habilidades técnicas necessárias?
• Poderia citar as posições e funções dos jogadores em quadra?
• Em qual posição gostou mais de jogar?
• Meninos e meninas podem participar da mesma equipe no jogo?
• A alteração no sistema de pontuação favorece o jogo coletivo e a participação de todos?
• Quais são as atribuições dos árbitros no jogo de futsal?
• Qual é o papel do técnico no jogo de futsal?

Estimule a ampla participação de todos e o debate sobre as percepções ocasionadas pelas experiências na execução dos diferentes papéis propostos. Importante nesse momento observar se todos conseguem participar das reflexões. Verifique se há necessidade de utilizar outros recursos, como retomar as pesquisas, utilizar imagens, retomar as práticas com demonstrações, fazer duplas para que um explique ao outro ou fazer perguntas dirigidas a determinados estudantes.

Sistematizacao do conhecimento

Assim como na reflexão, observe a necessidade de se utilizar estratégias complementares para que os estudantes consigam compreender o diálogo.

Organize e sistematize com os estudantes o conhecimento que foi mobilizado na aula e o que aprenderam, evidenciando a avaliação processual dos diferentes papéis no jogo de futsal.

• No papel de jogador, saber reconhecer suas limitações e a importância do esforço para superá-las, identificar e utilizar as habilidades motoras e capacidades físicas para um melhor desempenho no jogo, elaborar estratégias individuais e coletivas para resolver os desafios técnicos e táticos no decorrer das partidas, como, por exemplo, criar uma situação de gol ou experimentar diferentes funções táticas.
• No papel de árbitro, compreender que deve ter uma conduta imparcial e promover a igualdade entre os participantes, diminuindo possíveis barreiras e impedimentos com adaptações nas regras combinadas antes das partidas. Ao realizar a coleta de dados para compor o sistema de pontuação, perceber que o jogo coletivo e a participação efetiva de todos nas ações em grupo aumenta a chance de sucesso.
• No papel de técnico, observar o potencial e as limitações dos jogadores e da equipe, organizando o posicionamento dos atletas em quadra e o sistema de jogo mais adequado para que todos participem de forma igualitária, orientando-os por linguagem verbal e não verbal.

Registro e avaliacao

Como forma de registro, solicite, como atividade de casa, que os estudantes escrevam um relatório baseado em suas experimentações, descrevendo o que aprenderam sobre a lógica interna dos esportes de invasão e suas percepções sobre a vivência dos diferentes papéis executados. Os relatórios podem ser escritos, em áudio, ou outra linguagem adaptada às características dos estudantes se houver necessidade. Peça que os relatórios sejam entregues na próxima aula e forneça um feedback após a leitura da produção textual dos estudantes, fazendo um comparativo entre as suas avaliações processuais (realizadas ao longo da aula) e o relato dos estudantes (percepções sobre os conceitos e práticas) emitindo um parecer avaliativo final.

Pontos que devem ser analisados nos relatórios:

• O estudante descreveu as características e a lógica interna do futsal, o que não sabia sobre a modalidade e o que aprendeu após a aula. Citou e/ou comparou o futsal com outras modalidades de invasão, ampliando seus conhecimentos sobre essa categoria de esportes.
• No papel de jogador, o estudante descreveu as habilidades motoras, as capacidades físicas e as habilidades técnicas exigidas no jogo. Ainda no papel de jogador, citou as posições e funções que exerceu nos jogos.
• No papel de árbitro, o estudante descreveu quais as funções exerceu, citou suas dificuldades na aplicação das regras, no registro da súmula ou na cronometragem do tempo de jogo. Ainda no papel de árbitro, descreveu alguma situação atitudinal ou conflitos entre os jogadores que necessitaram de sua intervenção. Descreveu a experiência de analisar as ações coletivas por meio do scout para compor o sistema de pontuação e as conclusões que tirou dessa experiência.
• No papel de técnico, o estudante relatou no texto as funções exigidas e a leitura dos aspectos táticos e sistemas de jogo que organizou.

Barreiras

Barreiras

• Exigir que as práticas sejam realizadas utilizando regras formais da modalidade.
• Aceitar somente textos escritos como registro dos estudantes.
• Deixar de propor diálogos sobre as diferenças individuais e possíveis soluções para que todos participem das práticas.

Sugestões para eliminar ou reduzir a barreira

• Adequar o espaço da aula e equipamentos utilizados.
• Enfatizar a diversidade de soluções de movimentação em lugar de exigir uma forma de passe ou finalização à meta adversária.
• Orientar para que os estudantes estabeleçam as próprias regras, sempre numa perspectiva inclusiva.

Desdobramentos

Para a condução da sequência didática de aulas seguindo os objetivos de aprendizagem propostos para os esportes de invasão, sugerimos as seguintes atividades:

• Experimentar os papéis de jogador, árbitro e técnico em modalidades de invasão mais familiares (futebol, handebol e basquetebol, entre outros) seguindo os pressupostos utilizados na aula de futsal.
• Experimentar as habilidades técnicas dos esportes de invasão mais familiares (passe, drible, chute, arremesso, finalizações etc.) em pequenos jogos ou jogos situacionais, enfatizando o trabalho coletivo e a participação igualitária de todos.
• Conhecer e experimentar diferentes sistemas táticos e suas variações nos esportes de invasão mais familiares.
• Pesquisar sobre as habilidades motoras, capacidades físicas e estruturas corporais mais requisitadas nos esportes de invasão, produzindo um quadro comparativo.
• Diferenciar as modalidades de invasão pesquisadas, baseando-se nos critérios da lógica interna (cooperação, interação com o adversário, desempenho motor e objetivos táticos da ação).
• Organizar uma mesa redonda convidando atletas, árbitros e técnicos da sua cidade que trabalham com esportes de invasão, discutindo os diferentes papéis por eles executados.
• Verificar locais disponíveis na comunidade para a prática de esportes de invasão.
• Desenvolver os esportes de invasão tematizados na escola em momentos e espaços utilizados para o lazer e compartilhar as experiências com os colegas e o professor.

Temas contemporâneos transversais

Apresentamos como sugestão, a macroárea cidadania e civismo e o tema transversal educação em direitos humanos, que podem ser utilizados buscando estabelecer relações mais aproximadas com a vida real dos estudantes:

Macroárea: Cidadania e civismo

Tema: Educação em direitos humanos

Sugira que os estudantes pesquisem e verifiquem locais públicos e privados disponíveis para a prática dos esportes de invasão no entorno da escola ou na comunidade em que vivem, propondo e produzindo alternativas para utilizá-los nos seus momentos de lazer. Peça que na aula seguinte compartilhem os resultados de suas pesquisas com os demais estudantes, promovendo uma discussão sobre os direitos do cidadão ao esporte e lazer, evidenciando a habilidade (EF89EF06) da BNCC.